O Fracasso civilizatório.



"O Brasil é uma merda!" Já apontava o saudoso sociólogo Alberto Guerreiro Ramos. Bom, ele estava coberto de razão, o vendaval de loucura de um país congolizado é estarrecedor.  Não precisamos ter o QI elevadíssimo para ter noção de que estamos mais perdidos que "cego em tiroteio."

O que se vê hoje é um estágio de decadência coletiva nunca visto antes. Aquilo que o próprio Guerreiro chamava de  "subjetividade" social,  é algo que no Brasil ainda não alcançou, e talvez nunca alcançará. Essa "subjetividade aprofundada" só pode trilhar um caminho evolutivo, uma superveniência,  na medida em que a população se libera dos padrões precários de existência, algo impensável nos dias de hoje. Nas palavras do sociólogo: 

“Só adquire a possibilidade de autodeterminação o povo que, libertando-se da motivação grosseira, dos místeres puramente biológicos, transfere seus inte-resses para motivos cada vez mais requintados.”

É bem óbvio que, a autodeterminação está associada ao refinamento dos motivos da vida ordinária, além da  liberação progressiva dos afazeres elementares, básicos. Por isso que, dentro da metodologia epistemológica adotada por Ramos, além de toda uma tipologia que ele apresenta para compreender o ser aí, a ontologia social do brasileiro,  suas categorias, ao meu ver, possuem caráter intangível. Mas, três, das inúmeras apresentadas por ele, produzem características elementares do ser grosseiro que é o brasileiro. 

Uma dessas categorias é a "Heteronomia" um estágio social onde os países coloniais que não chegaram a adotar um estilo cultural próprio, aderindo aos moldes culturais e tecnológicos de maior prestígio externamente é perspicaz aqui dentro. Ainda que exista dentro dessa categoria um complexo institucional de inter-dependência, já que o  país é induzido a se moldar e se espelhar na  realidade de outros países, assim como os hábitos de consumo por exemplo.  

A outra categoria é o Amorfismo, um estágio aonde a sociedade brasileira dispersa suas próprias  energias psíquicas sem alcançar objetivos, não as acumula ou introverte-se esterilmente por falta de formas que organizem seu esforço e lhe propiciem antecedentes e conseqüen-tes. 

Sociedades como a brasileira são desprovidas de pautas consistentes nas quais possa transcorrer o esforço coletivo em dada época e de geração em geração, tudo aqui é fragmentado, é disperso e atomizado a tal ponto que nunca estamos falando a mesma linhagem. ( trocentos grupos políticos falando trocentas coisas completamente diferentes).  A soma dessas duas categorias leva aquilo que Guerreiro chamou de  Inautenticidade, ou seja,  refere-se a toda espécie de existência falseavel,  ou perdida em mera aparência, sem nunca ter em sua imanência algo verdadeiramente essencial subjacente, nas próprias palavras dele; 

“Consiste em pautar-se o país econômica, política, social e culturalmente por normas que não permitem a atualização de suas possibilidades e que vigoram à custa de contínuo déficit de seu ser."

Bom, eu não estou aqui pra agradar corações, essa é realidade, nua e crua, goste ou não.

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