Oswald Spengler, O homem e a técnica.




Em 1931, Oswald Spengler com toda sua genialidade diagnosticou como um grande visionário intelectual, não só a queda do ocidente, mas pelos meios ou causas existentes para a queda, uma delas foi escrita em seu livro clássico ( O homem e a técnica). Segundo ele,  a mecanização do mundo entrou numa fase de hipertensão altamente perigosa. A imagem da terra, com toda sua fauna e flora e homens, se modificou. Dentro de alguns decênios haverão desaparecido as grandes selvas, transformadas em papel de jornal; e se terão produzido mudanças de clima que ameaçarão a agricultura de populações inteiras. As Inumeráveis espécies animais se extinguem quase por completo, as raças humanas inteiras chegaram quase ao ponto de extinção, como os pele-vermelhas da América e os índios da Austrália. Para ele, todas as coisas orgânicas estão sucumbindo à organização Superficial moderna. 

"Um mundo artificial está impregnando e envenenando o natural.  A própria Civilização se tornou uma máquina que faz, ou procura fazer, tudo de maneira mecânica." 


"Hoje só pensamos em cavalo a vapor. Não podemos olhar para uma queda - d'água sem transformá-la mentalmente em força elétrica; não podemos contemplar um campo cheio de rebanhos a pastar sem pensar em sua exploração como fonte de fornecimento de carne; não podemos mais encarar o belo ofício ,antigo de um povo primitivo e sadio sem querer substitui-lo por um processo técnico moderno."

É essa mentalidade técnica que quer realizar-se, com sentido ou sem ele. Esse luxo da máquina como diz nosso autor é consequência de uma necessidade de pensamento. "A máquina é um símbolo, como o seu secreto ideal, o movimento perpétuo - uma necessidade espiritual e intelectual, mas não vital", diz o escritor Alemão. As nossas grandes cidades  estão tornando-se odiosas, e elas aspiram "a sacudir o jugo das atividades sem alma e fluir à fria atmosfera da organização técnica". Por isso que precisamente são os talentos fortes e os criadores que procuram desviar-se dos problemas e das ciências práticas para se dedicar à pura especulação, a contemplação teorética.  "O ocultismo, o espiritualismo, as filosofias Hindus, as cogitações metafísicas de colorido cristão ou pagão, tudo que foi desprezado no período darwiniano está ressuscitando. É o espírito da Roma da época de Augusto", conclui Spengler.

"Enfartados da vida, os homens fogem da civilização e se refugiam nas partes mais primitivas da terra,· em vagabundagens, / no suicídio. E que é que se passa com elas? A tensão entre o trabalho de direção e o trabalho de execução atingiu um nível de catástrofe." 

Destarte, o valor qualitativo de cada personalidade real e concreta da ontologia humana, tornou-se tão esvaziada que já não é visível nem compreensível, a superficialidade do próprio trabalho, no que diz respeito às mãos que executam, o próprio  indivíduo agora não tem importância. 

"O que importa é apenas a quantidade. O conhecimento desse estado de coisas inalterável, conhecimento agravado, envenenado e financeiramente explorado por jornalistas e oradores egoístas, é tão desconsolador que a simples natureza humana se revolta contra o papel que a máquina (e não, como eles imaginam, os seus donos) confere à maior parte deles." Descreve Spengler.

Chegamos Talvez no grande Ápice desse processo. Chegamos na era da pura tecnologia digital, de um mundo cada vez menos orgânico e real. A fase da Indústria 4.0 com sua definição de execução de "Fábricas Inteligentes" com as suas estruturas modulares, seus sistemas ciber-físicos que monitoram os processos físicos, e dai criam uma cópia virtual do mundo físico,  tomando  decisões descentralizadas, tomando decisões artificiais, como maquinas de um homem que nem mais existe, de um ente amorfo, corruptível, as identidades desaparecem, o véu de Maya toma conta, as relações tornam-se meros arquétipos de uma realidade ultramente desejada, não vivida, não sentida, com todas suas particularidades momentâneas, suas emoções ou afecções recebidas num mundo de fato real.

"Em face, pois, desse destino, há apenas uma concepção do Universo digna de nós: a já citada a propósito da escolha de Aquiles, que preferiu uma vida curta, cheia de feito e de glória, a uma vida longa sem conteúdo. O perigo é já tão grande para cada indivíduo, cada classe e cada povo, que é deplorável alimentar qualquer ilusão, seja ela qual for. O tempo não se pode deter; já não é questão de uma retirada prudente ou de uma renúncia cautelosa. Só os sonhadores é que acreditam em que haja uma saída. O otimismo é covardia. Nascemos neste tempo e devemos seguir corajosos diante o caminho até o final. Não há outro rumo. Nosso dever é permanecer sem esperança no posto perdido e sem salvação, como aquele soldado romano cujos ossos foram encontrados à frente de uma porta de Pompéia e que, durante a erupção do Vesúvio, morreu no seu posto porque se esqueceram de vir rendê-lo. Isso é grandeza. Isso significa ter raça. Esse honroso fim é a única coisa que não pode ser tirada ao homem."

Esse Pessimismo não é uma divagação, uma histeria de uma realidade histórica que não retorna mais, ou uma simples critica a ideia de progresso técnico, econômico ou social, é muito mais que isso, é um diagnostico de um mundo sem emoção, um mundo espacializado, tecnicista, que vive pelo eudemonismo da maximização de lucros, da quebra de decoro com os padrões valorativos e éticos que por centenas de anos asseguraram a vida humana por milênios é um fenômeno constante nessa "sociedade", mas o que eu aconselho? eu aconselho uma vida interiorana, longe de toda infortuna urbanística, tediosa de uma grande capital, uma vida bem vivida respirando o ar livre natural vale mais que qualquer noite sem dormir numa grande Metrópole desse pais e desse mundo ocidental. 


Referências:

O homem e a Técnica, Oswald Spengler. 

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