Uma Economia Nacional: Indústria de transformação e combustíveis.



Porque precisamos voltar a industrialização ? essa pergunta, é simples. Embora em certos casos (como no Brasil) iniciou-se com a implantação da indústria leve (produtos alimentícios e têxteis), o processo de industrialização aqui ou em qualquer lugar do mundo,  caracterizava-se pela formação de um núcleo de indústria pesada, produtora de matérias-primas básicas/máquinas-ferramentas (indústrias de base) e uma alimentadora de todo o parque industrial. Esse processo de industrialização,  corresponde a um intenso desenvolvimento urbano (urbanização), alem de um intenso setor de serviços, que particularmente, vai esta relacionado com as atividades comerciais e financeiras. Nesse interim, a existência de um mercado interno e capitais que possam ser disponíveis para serem investidos nas atividades industriais, teriam urgido no Brasil ainda em meados do século XIX,  por sua vez, quando se implantaram as primeiras indústrias pesadas no pais, e todo esse processo só se intensicou durante a Segunda Guerra Mundial, sendo retomado entre 1956 e 1960 e atingindo seu auge na década de 70, no regime de Geisel.

Mas, o que falar da indústria de transformação ? esse e um  setor da produção industrial voltado para a transformação de matérias-primas em bens, porem, distinguindo-se, da produção agrícola e da indústria extrativa seja vegetal ou mineral. Alem disso, abrange todos os momentos da produção industrial: matérias-primas elaboradas (aço), bens de capital (máquinas-ferramentas, autopeças) e bens de consumo (automóveis, roupas). São também incluídas  nessa categoria, a chamada produção agroindustrial, como açúcar, derivados como sucos e outros produtos agrícolas. Algo que podemos levar em conta, e a chamada (INFANT INDUSTRY ARGUMENT),  a  Tese do escritor e economista romeno, Manoilescu. o chamado “argumento de indústria nascente", que nada mais faz do que designar uma ação ou atitude maior do estado, com o setor secundário de sua economia, em detrimento das suas  industriais emergentes, em especial nos países de industrialização recente, e que por esta razão necessita de proteção contra os concorrentes externos, e mais poderosos, além de bem consolidados nesse setor.  Dai que, mediante os ganhos de escala e aumento de produtividade, se possa obter as condições de competir no mercado internacional de modo equitativo, alem de  não necessitem mais de proteção.  

Aonde entra o combustível nisso? bom, com a indústria petroquímica o estado pode trabalhar com derivados do petróleo ou gás natural. São estes produtos químicos, tipicamente extraídos durante o processo de refinação, do petróleo bruto e do gás natural a o qual são destilados. Como o óleo bruto é refinado, ele pode ser tratado com a destilação fracionada, em que é aquecida para separar os vários componentes para utilização, ou pode ser “cracking” com um catalisador que se rompe das cadeias hidrocarbonetos para poder criar os produtos desejados, isso quem faz ou entra em ação são as refinarias. Como  tais artigos são geralmente em alta demanda, e as refinarias devem ser capazes de agir de modo rápido, para aproveitar os preços favoráveis e demanda. Cabe lembrar um ponto interessante, a saber também que este ramo industrial se instabiliza ou sofre demais com  uma maior mutação tecnológica, pois a cada dia se desenvolvem processos mais econômicos, e ainda se descobrem novos derivados.  Dentro dessa complexa tecnológica, tal ser da  indústria em si, principalmente a de produtos básicos, exigem grande concentração de capital, alem da baixa intensidade do fator trabalho. Sem embargo, a competitividade da indústria petroquímica está relativamente associada a fatores como grau de verticalização empresarial, ainda mais nas grandes economias de escala, disponibilidade também em garantia de um fornecimento de matéria-prima, densa. A situação e clara, sem refinarias, sem oferta que cubra a demanda agregada e o consumidor de combustível nacional, eis o que diz a ANP; 


"A diretoria da ANP diz que a importação pode atingir um milhão de barris por dia e o país terá que garantir estrutura para distribuir combustível importado. A importação pelo Brasil de derivados do petróleo, com a gasolina, deve dobrar nos próximos dez anos, caso não sejam retomados os investimentos na construção de refinarias, afirmou a diretoria da ANP. Essa declaração foi feita durante a câmara, em Brasília, que discutiu os impactos do cancelamento, pela Petrobras, de dois projetos de refinarias, no Maranhão e no Ceará. A decisão foi anunciada em meio à crise provocada pelas denúncias de corrupção na estatal. Caso o país não eleve a sua capacidade de refino para evitar risco de desabastecimento, o governo terá que investir nos próximos anos na ampliação da infraestrutura de distribuição de combustível importado pelo interior do país. Atualmente, o Brasil refina cerca de 2,2 milhões de barris diariamente. Se não for feito investimento em refinaria, teremos que nos certificar que temos infraestrutura no país para que a importação possa ser feita interiorizada, chegando até o consumidor final. Ou seja, hoje as importações já equivalem a 15,23% do consumo brasileiro (2016, fonte ANP), sem considerar que caso voltemos a ter um ciclo de crescimento econômico essa situação se agravará. As regiões Norte e Nordeste, por estarem mais longe dos mercados vendedores e mais distantes das principais refinarias, foram os locais onde os produtos importados chegaram com mais força."

Ao que se sabe, no brasil cerca de  duzentas empresas, que importam e são  autorizadas a operar pela ANP, esse número surpreende por ser uma quantidade maior do que de distribuidoras instaladas no país. As diferenças de preços entre os produtos vendidos pela Petrobras (Diesel e Gasolina) e os produtos importados já internalizados com todos os tributos, alem das taxas recolhidos, faz  com que o mercado comece a se movimentar em sentido de aproveitar a janela aberta e melhorar sua competividade, alem de alcançar uma lucratividade maior do que das distribuidoras, ou seja, quem não conseguir comprar produtos fora do sistema Petrobras poderá comprometer o resultado ao longo do tempo dificultando suas vendas aos postos de combustíveis e consumidores finais. Particularmente, as pequenas distribuidoras regionais são aquelas que têm maior dificuldade logística e financeira para entrar na importação direta e vem sofrendo mais devido à dificuldade no acesso, isso se da também por conta do modelo atrasado de escoamento dos produtos no brasil, via veículos ou caminhões, no âmbito único do setor rodoviário. Entretanto, as grandes empresas do setor em função de suas redes e pela pequena atuação no mercado spot (vendas para os postos bandeira branca) vêm obtendo resultados cada vez melhores já que elas têm acesso privilegiado em função da escala e melhor capacidade logística. Destarte, o maior problema enfrentado por todo o  sistema é a infraestrutura portuária brasileira, sem duvida. Os principais e maiores terminais portuários, ficam monopolizadas pela Transpetro, empresa do grupo Petrobras, e que estão em sua maior parte na ociosidade, (infelizmente). Nesse caso, o Brasil tem um um problema  enorme nesse âmbito, Pois os terminais marítimos são escassos, e aqueles disponíveis cobram taxas de armazenagem bastante salgadas, obviamente também aproveitando o momento de alta da inflação. 







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