Gustav Le Bon, a psicologia das Multidões.

 



Um dos maiores intelectuais do século passado, um homen visionário, Le Bon durante as décadas de 1890, voltou-se para a psicologia e sociologia, campos onde lançou seus trabalhos mais bem sucedidos. No seu livro mais famoso ( Psicologia das Multidões) ele partiu de um pressuposto muito interessante. Uma visão de que multidões não são a soma de suas partes singulares, com suas qualidades determinadas, mas,  ele  propunha uma visão em  que dentro de multidões forma-se uma nova entidade psicológica, cujas características ou propriedades são determinadas pelo "Inconsciente coletivo" da multidão. 

Le Bon teorizou que a nova entidade, a chamada "multidão psicológica", emerge da incorporação da população reunida, não apenas formando um novo corpo, mas também criando uma "inconsciência" coletiva. Por exemplo, quando um grupo de pessoas se reúne e se aglutina para formar uma multidão, ali existe  uma "influência magnética dada pela multidão" que transmuta-se, que transcende  o comportamento de cada indivíduo singular até que ele seja governado pela "mentalidade grupal ou social". Tal modelo trata a multidão dessa forma como uma unidade em sua composição que transfere de cada membro individual suas opiniões, seus valores, suas crenças, suas proprias qualidades. Como Le Bon declara: "Um indivíduo em uma multidão é um grão de areia em meio a outros grãos de areia, que o vento agita à vontade".

Segundo ele, o desaparecimento da personalidade consciente e a orientação dos sentimentos e dos pensamentos num mesmo sentido, primeiras características da multidão que se organiza, nem sempre implicam a presença simultânea de vários indivíduos no mesmo lugar. Milhares de indivíduos separados podem, em dado momento, sob a influência de certas emoções virulentas, por exemplo de um grande acontecimento nacional, adquirir os caracteres de uma multidão psicológica, é dessa Ação estritamente intuitiva que Le Bon torna-se inquestionável.

Como ele mesmo define na Psicologia das Multidões:

"A multidão psicológica, logo que se constitui, adquire caracteres gerais provisórios mas bem determináveis. A estes caracteres gerais vão juntar-se caracteres particulares, que variam conforme os elementos que compõem a multidão e que podem modificar-lhe a estrutura mental. As multidões psicológicas são, pois, susceptíveis de classificação e o estudo dessa classificação irá mostrar-nos que uma multidão heterogênea, composta de elementos dissemelhantes, e as multidões homogêneas, compostas de elementos mais ou menos semelhantes (castas, seitas e classes), apresentam caracteres comuns e, ao lado deles, caracteres particulares que permitem diferenciá-las." 

Por isso, o anonimato proporciona aos indivíduos racionais um sentimento de invencibilidade e perda de responsabilidade pessoal, esse  indivíduo torna-se primitivo, irracional e emocional. Essa falta de autocontrole permite então  que os indivíduos cedam aos instintos,  e aceitem os impulsos instintivos de sua influência social, do ambiente em que vive. 

Mas, é pela  "sugestionabilidade" como diz Le Bon, que o mecanismo pelo qual o contágio é alcançado; à medida que a multidão se aglutina em uma mente singular, sugestões feitas por vozes fortes na multidão criam um espaço para o inconsciente socializado possa chegar à frente e guiar seu comportamento. Justamente nesse estágio, que  a multidão psicológica se torna homogênea e maleável a sugestões de seus membros mais fortes, para que possamos agir politicamente, os nossos desejos particulares, as nossas volitividades devem ficar num plano secundário, sem contudo sejam desperdiçadas. 

As suas Crenças, seus próprios imperativos morais devem se submeter a volitividade geral, universal, o Nacionalismo é exatamente isso, não cabe persistir num debate ad infinutum sobre como, sobre qual ótica ideológica devemos delimitar como diretriz axiológica. Mas, a simples defesa de certos elementos que sejam a base, a célula desse nacionalismo ( a família, propriedade, a economia nacional desenvolvimentista, uma politica externa ou diplomática pragmatica, se possível bilateral podem ser os guias fundamentais que possam emplacar o inconsciente coletivo nacional.

"Os líderes dos quais falamos", diz Le Bon, "são geralmente homens de ação e não de palavras. Eles não são dotados de perspicaz capacidade de previsão ... Eles são especialmente recrutados nas fileiras daquelas pessoas meio perturbadas, nervosas e mórbidas que estão beirando à loucura". " 

Como diz Le Bon, "Uma nação sem ideal desaparece rapidamente da  historia", precisamos imediatamente refletir, fomentar uma autocritica,  assim poderemos sair desse atoleiro.


Referências:


Um Estudo da mente Popular, Gustav Le Bon.

A Psicologia das Multidões.  



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